A 20 minutos da queima de fogos, expectativa total ((sabe-se lá porquê as pessoas adoram essa data)) para a virada do ano, todos festejavam alegremente mais um ano que seria exatamente igual ao outro, Felipe simplesmente abandona a festa e encerra-se na sala de casa, liga o aparelho de som em alto e bom nível: "vamos ouvir algo diferente, que tal um Jet?"
"this could be played / in your radio"
Chora, chora por ver um ano acabar-se, chora por não entender como muitas coisas aconteceram... o interfone toca, ele ignora, batem à porta, ele ignora... o mundo à sua volta faz de tudo para receber de braços abertos uma nova etapa da vida, e ele ignora...
Pra que tanta alegria, tanta festa, se vai ser tudo igual novamente?
E então o Rei chora... chega a hora em que nem as máis versáteis peças do tabuleiro são suficientes para conter as lágrimas do Rei... e é aí que entra a realidade, é aí que passa a funcionar aquilo que chamamos de MOMENTO FATÍDICO.
Põe a mão na cabeça, não fisicamente, mas sim, a mão na consciência... faz uma pesagem de tudo que passou, tudo que houve... e chora, não por ser o fim de algo, mas por saber que ao fim, quase nada fez para que o que vinha fosse um prolongamento daquilo que fizera. Simplesmente transformou a chegada de um ano em MAIS uma etapa, e não na CONTINUIDADE de outra.
Foi este só o prelúdio do que houve durante um ano inteiro, a virada em si... texto que relata os últimos 20 minutos, aproximadamente, do dia 31/12/2006 e os primeiros 20 minutos, também aproximadamente, do dia 01/01/2007.
O que realmente importa, creio que vem agora:
Um ano terminando, e diferente do que fiz no ano anterior, vou entender as coisas da melhor forma possível... muitos crescimentos, a criação de planos, a execução de alguns deles ((boa ou má)), a destruição de muitos outros... a infantilidade sendo demonstrada quase que a todo instante, a criação de preconceitos e a queda de alguns outros, preceitos, idéias,tudo isso misturado como se nada fosse...
O primeiro emprego, o primeiro salário, a primeira demissão, a diminuição do chamado ORGULHO... Uma briga de amigos, com o melhor deles, o ódio momentâneo, a pesagem, o arrependimento, novas experiências, bebedeiras memoráveis, fugir de casa pra ver show de banda desconhecida... gastar mais do que tem no bar e não ter como pagar, dormir na rua passando frio... conhecendo novas pessoas que literalmente não fazia parte do nosso mundo ((e talvez nunca façam))... apertar a mão de um desconhecido, conversar com uma pessoa que nunca viu, contar os problemas a ela e ouvir conselhos palpáveis de uma visão de fora... quebra de barreiras conceituais, ouvir novos sons, escrever músicas, cantar músicas, gravar músicas e ainda por cima chorar após a primeira delas... beber, beber, beber mais ainda
procurar emprego, deitar na grama viajando pro nada, beber vinhos baratos na quarta feira, conhecer um pouco mais dos defeitos e qualidades dos outros e odiar os defeitos, mas mesmo assim saber que as qualidades são muito maiores que eles... chegar numa pedra, no meio dum parque e dizer: "a nossa pedra"
passar uma noite inteira vendo coisas num lugar inesperado... conhecer pessoas inesperadas em lugares inesperados, ir em festas que tem nada a ver conosco, e ainda assim se divertir. Jogar bola na escola, mesmo sendo o mais ruim do time. Arrumar emprego novo, conhecer pessoas novas, comer coisas que nunca comeu na vida, se emocionar, comer demais e passar dias de cama... usar roupas diferentes e finalmente dizer que está bem com elas. Aguentar 6 meses sem computador, no começo achar uma merda, mas depois nem ligar mais pro fato de que ele simplesmente sumira. Aprender a admirar os jogadores do time adversário, não por jogarem bem, mas por te desafiarem, mesmo sabendo que você pode ser melhor que eles. Beber Tequila a la cowboy, e sentir a cabeça doer cada vez mais. Peregrinações a outra cidade, pra beber e anarquizar a noite toda. Se preocupar com o futuro, com o que vai ser depois disso tudo, quando a barba começar a coçar e a percepção de futuro ser outra. Desenhar um futuro pra duas pessoas, e depois perceber que o futuro é só nosso e de mais ninguém.
Aprender a curtir um amigo ao máximo em 6 semanas, pra que a vida dele mude, a cidade dele mude, e ele mesmo assim sinta sua falta sem esquecer que também tem uma vida e um futuro a seguir.
Chegar na lanchonete para comer cachorro-quente em plena hora de fechar, ir a um bar e ficar menos de meia hora lá dentro, odiar aquilo tudo e caminhar 15 Km de volta pra casa de madrugada, no frio. Fazer festas caóticas, ser espancando na rua, ficar todo quebrado e ainda por cima cair da escada.
Se apaixonar por alguém que xingou ao telefone. Dizer muitos EU TE AMO não da boca pra fora, mas com a parte de fora do coração. Mentir pros pais muitas vezes sobre lugares e pessoas e atitudes e notas e tudo o mais, mas nunca prejudicar ninguém com isso. Pedir pra uma amiga ligar pros pais e fingir que vai embora da cidade, fazer uma choradeira só pra poder sair de casa.
Quantas horas gastas com bebedeiras à tarde em pleno dia útil. Lindas tardes divertidas, piadas infantis e lazer barato. Tombos memoráveis e montinhos doloridos, sacanagens infantis, tudo isso como um brinde à nossa inocência.
Quantos litros de gasolinda gastos em viagens a festas, e quantos litros de vinho para lazer.
Pulmões estragados, dores de cabeça e fígado: na hora é uma maravilha, em 24 horas torna-se um inferno pensar em como nos estragamos, mas em 48 transforma-se numa felicidade imensa saber que aproveitamos e nos estragamos, mas que no final deu tudo certo.
Quantas brigas e conflitos entre amigos, e no final descobrir que as brigas entre os melhores amigos são as piores.
Quantas pessoas odiamos por no máximo dois dias. E quantas entram e saem da nossa vida sem dizer adeus. Mesmo assim muitas outras se despedem mas não as ouvimos ou não lhes damos atenção. Quando nos lembramos delas, corremos atrás mas nem sempre as alcançamos, e então fica aquele vazio no peito e aquela sensação de que, sem querer, deixamos alguém de lado e esse alguém também nos deixou. E nos acostumamos e desacostumamos com tudo facilmente nessa vida. Divergimos as idéias o tempo todo, e cabe a nós aceitar o que nos é dito. E nos prejudicamos, e prejudicamos os outros, e esquecemos de sorrir quando é para sorrir, e de chorar quando é para chorar, e esperamos a hora certa para tudo podendo assim perder a hora de tanto cuidar... e acabamos por ter que requentar as coisas e nem sempre o sabor é o mesmo depois disso... e nem sempre há um DEPOIS, e ficamos com a sensação de que precisamos gritar algo a alguém e não podemos, então gritamos ao mundo e todos riem de nós,não só por não entenderem a piada, mas porque sabem que fomos burros e guardamos para nós por muito tempo as coisas que deveriam ser compartilhadas a tempo.
Ser sacaneado na aula de química, tirar nota baixa e ter que correr atrás da máquina na última hora, e talvez nem conseguir. Odiar e calar por horas, mas se deixar levar pelas risadas, entender as coisas diferente e descobrir que fomos sacaneados pra que outra pessoa tivesse a mesma chance que nós temos.
Descobrir todos os lados das pessoas e, que por mais sujas e frageis e grosseiras e idiotas elas sejam, também tem seu ponto de razão. Entender isso como uma lição pra vida.
Saber perdoar e pedir perdão, e apreciar as frases ditas outrora por pessoas com quem não falamos mais, mas por quem nutrimos um imenso respeito por aquilo que representaram nas nossas vidas.
Quase sempre subestimamos alguém e nos negamos a perceber o quanto essa pessoa pode ser uma boa amiga, alguém de coração nobre, mas num leve momento de humildade, deixamos que haja, lhe pedimos ajuda, e vemos que pode ser tão boa quanto precisavamos no momento.
E fizemos coisas nojentas, chupamos dedo de amigo em frente a restaurante, misturamos milhares de RAÇAS de bebidas pra ver o efeito, vomitamos tudo de tão ruim... Esquecemos de puxar a descarga na casa de amigos, comemos coisas que caíram no chão, pagamos apostas impagáveis, corremos nus na rua, andamos em excesso de velocidade.
Anunciar ao mundo que vai se matar de brincadeira, só pra ver as pessoas se preocuparem. Rever amigos e REconhecer pessoas: todo mundo muda, só precisamos deixar isso acontecer.
Roubar picolés no camping, tomar porre de cachaça na frente dos pais do amigo, vomitar na janela da cabana só de cueca enquanto eles jantam.
desafinar, cair, levantar, fazer de tudo que se tem direito, comer demais e passar mal, comer pouco e passar mal também, dar dinheiro a alguém na rua, pedir dinheiro aos pais, brigar, pensar, se acertar, brigar novamente, prometer algo, negar que prometeu, pagar depois, ficar devendo, dirigir escondido, beber demais, cair, sujar a roupa, destruir calça mandando apertar, comprar roupas diferentes, matar tardes nas lojas, andar demais, andar pouco, preguiça pra tudo, se esticar, fazer planos, desejar algo ou alguém, desejar algo A alguém, amar, odiar, destruir laços, criar outros mais, conhecer e desconhecer pessoas, pensar que as conhece e se iludir, amar alguém que não te ama, desapegar de beleza física, passar meses sem chegar perto de garotas, respirar ar sujo, lembrar que não sabe nadar toda vez que se afoga, lembrar que só se afoga por não saber nadar, se machucar, queimar calças sociais, tocar puteiro em tudo que é lugar, se achar melhor que os outros, se decepcionar ao ver que é exatamente igual, isolar alguém, sentir-se isolado, escrever musicas ruins, cantar mal, gravar elas e divulgar, gastar dinheiro a toa, perder dinheiro em jogatina, caminhar muito pra pegar coisas emprestadas, usar de tudo que pode na mesma noite, ir a shows mto ruins, shows mto bons, conhecer pessoas que não valem nada, dar muito valor a pessoas que também não valem nada, desvalorizar pessoas que valem mais que muitas outras, contar mentiras que todos acreditaram, contar verdades que ninguém acredita, se cortar só pra ver o sangue sair, atrasar trabalhos de escola, ganhar gorjeta em hotel, quebrar pratos, copos, usar roupas feias e achar que tá na moda, experimentar coisas novas, experimentar pessoas novas, conhecer amores em final de ano, viajar pra lugares desconhecidos, brigar com os pais, viver sob ameaça de ir embora, aprender a curtir amigos em pouco tempo, aprender que tudo nessa vida vai embora, menos a lembrança do que passou, ler livros muito bons e demorar pra isso,...
vivemos em constante mudança, tudo vai e tudo vem, e podemos guardar apenas na memória e no coração isso tudo... e podemos fazer com que os outros guardem boas lembranças nossas
esse ano vai terminar
e eu vou poder gritar ao mundo que aprendi a ser feliz, pq a felicidade está dentro de nós, só falta a acharmos
aprender que não é pq as coisas não terminaram como queríamos que elas tenham dado errado
aprender a aceitar as imposições e vencer os desafios
aprender que o amor é o melhor remédio
e saber que temos tempo pra sermos jovens, mas não temos limite pra sermos velhos
um abraço cheio de amor a todos
não citarei nomes, mas sabem que fazem e sempre vão fazer parte de mim
sim, os amo!
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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3 comentários:
çç
Acho que é a isso que chamam de viver, não é?
Você acaba de criar um manual de iniciação para os despreparados!
Ace... muito bom!
=)
Ah, obrigado! Por muitos motivos...
Abraço grande!
Adorei o texto!
Tu escreve muito bem, até me deixou emocionada.. ^_^
Fico feliz em saber que existe uma possibilidade de sermos colegas na faculdade..xD
Kissos! =**
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